..............................................................NASCIDA E CRIADA EM TEMPOS A.R. (ANTES DA REFORMA).  PERDÃO POR QUALQUER DESLIZE!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Fotografia, Cores e a Medicina Tradicional Chinesa

Durante uma aula de Fotografia ocorrida na semana passada me ocorreu que se pode fazer uma conexão entre a Fotografia Cor e a Medicina Tradicional Chinesa. Afinal, durante todo o tempo me vinham lembranças do tempo em que esta que vos escreve foi obrigada a acompanhar aulas do curso de Acupuntura com a finalidade de compreender um pouco mais de uma disciplina desconhecida até então, o Feng Shui.
Tudo bem que depois virou moda, as pessoas passaram a pendurar sininhos nas janelas, carpas de tecido acima de seus fogões e espelhos nos locais mais improváveis.
O fato é que o princípio dos 5 Elementos não está nem aí para o que a revista Ótimos Fluidos tem para aconselhar, e vamos ao que interessa.
De Yin e Yang a grande maioria dos mortais já ouviu falar. São as duas polaridades de uma mesma energia que preenche o universo, o C'hi. Duas polaridades,  masculino e feminino, BRANCO E PRETO, posivito e negativo, alto e baixo, dentro e fora e assim por diante.




















Tai Chi é o nome do símbolo que representa o Yin e o Yang.
 Mas o mundo não é preto e branco, Ying e Yang  eternamente congelados em um ponto de equilíbrio.
 Onde estão, então, os tons de cinza?  Onde estão as cores discutidas na aula de Foto Cor?
 Neste mesmo símbolo, senhoras e senhores, basta lê-lo...
Como um bom mapa arquetípico o Tai Chi representa nossa existência e para facilitar sua compreensão os chineses desenharam o Ba-Guá, aquele octógono que muitos penduram acima das portas de suas casas.






















 Antes das duas polaridades (os dois "peixinhos") existiu um círculo preto que fala do momento anterior a nossa concepção, o Wu C'hi, a vacuidade. No momento da concepção surge a primeira parte do Yang, o "peixinho" branco e também surge a nossa existência. No Ba-Guá esta parte é chamada de Trabalho, e representada pelas cores AZUL e PRETO, e relacionada com o elemento Àgua e objetos de formato irregular, pois a àgua adapta-se ao reservatório que a contém,  Nada mais correto, pois na concepção iniciamos um trabalho de evolução e aprimoramento de nossa alma e esta jornada começa no interior do corpo de nossa mãe, e logo estaremos imersos do líquido amniótico. Este é o momento mais Ying de nossa história.
Se para o ocidental o preto é a cor do luto e da tristeza, para muitos povos orientais é o branco quem cumpre este papel.

Seguindo no sentido horário tempos o guá (canto) Espiritualidade ou Autoconhecimento. este canto fala de nosso desenvolvimento no útero, quando deixamos de ser um amontoado de células e nos tornamos uma pessoa. Gerado pleo elemento Terra e representado pela com AMARELA e pelo formato quadrado é um canto que tem uma energia doce, calma, passiva e receptiva. 

Depois, temos o canto Família, gerado pelo elemento Madeira e representado pela cor VERDE e pelo formato colunar. No mapa de nossas vidas este é o momento do nascimento, quando saimos do ventre materno para o mundo, como as plantas saem da terra e sobem em direção do sol. O verde nos fala de vigor, juventude, frescor, esperança e calma.
Para os chineses o verde é contrário a movimento (àrvores não correm...) e eu te pergunto: quantos automóveis com revestimento interno na cor verde você já viu na vida?

O guá seguinte é Riqueza, também gerado por Madeira. Pode ser representado pela cor VERDE ou pelo ROXO. Simboliza a criança/adolescente que é a riqueza de uma família e depositária das esperanças no futuro.

Depois, temos Fama, gerado pelo Fogo e representado pela cor VERMELHA. No momento mais Yang da vida, a agitação e energia da juventude cheia de vida e paixão. O elemento Fogo é representado pelo formato triangular.

Representando a maturidade, tempo de estabelecer vínculos, temos o guá Relacionamentos, também gerado pelo elemento Terra e representado pela cor AMARELA. Novamente temos uma energia receptiva e calma após as loucuras da juventude. No Ba-Guá é o tempo da colheita. Seja dos grãos que foram plantados e cresceram ao sol, seja o resultado dos atos de nossa vida. Este canto também é representado pela cor ROSA, que surge da mistura entre o canto Fama/vermelho e Criatividade/branco.

Chegando ao guá seguinte temos Criatividade, gerado pelo elemento Metal e representado pelas cores BRANCA, CINZA ou PRATA e pelo formato redondo . Se no guá anterior fizemos a contabilidade do resultado de nossos atos, este é o momento de receber o pagamento por eles, o momento de vender nossa colheita.
Não por acaso não temos moedas de pedra, e sim de metal. Tampouco moedas quadradas, e sim redondas...

O último guá é Amigos, também gerado pelo elemento Metal. Fala do final de nosso ciclo, quando dependemos mais de amigos e familiares. Aqui a cor CINZA é mais presente, pois está muito mais próxima do guá Trabalho onde nosso ciclo se encerra para depois recomeçar...

Então... que tal um olhar um pouco mais orietal na próxima vez que você for bater uma fotografia?

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Macchu Pichu

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Luz, sombra e nuvens, vistos a partir da porta principal da cidade de Macchu Pichu, Peru.






















Esta é uma de minhas fotos favoritas dentre as centenas (hic!) que bati. Amanhecia enquanto subíamos as escadas entre o desembarque das vans e a entrada da cidade, ntre os primeiros a entrar naquele dia. Caminhamos pela trilha e nos deparamos com este espetáculo:


O jogo de  sombras criado pelas paredes ao longo da rua iluminada pela luz dura da manhã me faz lembrar das horas que passamos explorando cada casa, cada templo ou rua... E depois estico o olhar para frente, para o Wayna Pichu, envolto pelas nuvens e não consigo deixar de compara-lo a um amante, preguiçoso, que sai da cama enrolado nos lençóis...
E volto para o início da foto onde vejo a sombra do meu amor que ficou escondido, esperando pacientemente, enquanto eu colecionava mais este pouquinho de luz



 Wayna Pichu ao fundo, ainda se preparando para mais um dia.


Sony W-170, Peru, 2009

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Mostrar o pau é coisa do passado...

Exatamente, matar a cobra e mostrar o pau é coisa ultrapassada.

Coisa de gente sem noção ecológica e qualquer compassividade em relação a vida alheia. Seja ela animal ou vegetal.

Moderno, mesmo, é encarar a cobra, esperar o melhor ângulo e...

Clique!

E depois, gentilmente, deixar o bicho seguir com a sua vida.


De minha parte acho muito, mas muito mais bacana mostrar a foto que mostrar o pau...

Sony A100, lente 75/300,modo M, Agosto 2010

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Hoje eu deletei...

Hoje peguei a câmera fotográfica de um amigo e deletei quase todas as fotos que ele tirou de minha pessoa.

Eram fotografias enquanto eu comia, piscava, falava, olhava para baixo com um queixo duplo que não deve ser eternizado sequer sob a mira de uma arma.

Ficou apenas uma foto que apresenta duas mãos espalmadas diante de meu rosto e um claro protesto contra o clique naquele momento inoportuno.

Sou contra fotos instantâneas? Jamais!

Adoro o toque de loucura e imprevisto das fotos sem pose. E adoro ainda mais a sensibilidade do fotógrafo que não expõe seus modelos de forma vexatória ou inconveniente.

Reservo os direitos sobre a minha imagem, enquanto meu amigo reserva os direitos sobre a câmera dele. Então... de quem eram as fotos? Dele ou minhas?

Hum... muito se pode discutir a respeito. Mas sinto que as fronteiras entre o privado e o público nunca estiveram tão indefinidas e nunca vi tanta falta de discernimento a respeito do que podemos e o que devemos clicar...

domingo, 5 de setembro de 2010

Antonia's blues

Guardarei esta foto com carinho.
E fornecerei para a comissão de formatura da modelo em questão.


De repente, quase escuto o choro da pequena...

Sei lá...Devo ter coração de aço.
Esta luz batendo na lágrima que hesita em cair me fez dobrar os joelhos, ficar na altura dos olhos e fotografar muito antes de pensar em oferecer colinho...




Olha só a curva que o corpo da mãe faz ao redor
da bebê que chora.
Exceto pelo cabelinho recortado pela luz todo o resto está desfocado. Não há distração.
Apenas a linguagem corporal materna, o desvelo contido no momento.
 

Sony A100, lente 50mm, modo S, 2010

sábado, 4 de setembro de 2010

Uma criança, uma melancia e uma fotografia.

Uma brevíssima reflexão a respeito de direitos autorais.

Nos distantes anos 80 produzi a foto e a criança e assim sendo reclamo os direitos autorais plenos sobre a fotografia.

O produtor da melancia poderia reclamar os direitos autorais relativos a produção da mesma.

Mas como a primeira devorou a segunda considero-me detentora de todos os direitos, por assimilação.

Esta é uma de minhas fotos favoritas. Quase dá para ouvir o barulhinho dos dentinhos se enterrando na polpa da fruta e compartilhar a alegria que a pequena sente ao possuir uma talhada de melancia geladinha só para ela.

Enquanto o balconista segue indiferente, repondo o estoque.

Olympus trip, 1984



Eu coleciono luz

Cansei de ser apertadora de botão, clicadora de disparador, fotógrafa. Doravante serei caçadora de luz.

Sim, caçarei a energia que viaja pelo espaço a milhares de kilômetros por segundo (300 mil, para quem já tinha esquecido) e torna visível por um instante o que desejo eternizar. 

Me fartei de fotografias de tudo, que acabam sendo de coisa nenhuma. Rompi relações com imagens de gente comendo no jantar de casamento, de barriga solta durante a conversa amiga, cenho franzido na hora da hesitação. 

Ter uma câmera fotográfica nas mãos não nos torna automaticamente autorizados a clicar a todos e em qualquer momento e mesmo assim o privado nunca foi tão público. 

Há tempos deixei de rir dos chamados povos selvagens que não permitem a captura de suas imagens temendo que neste processo suas almas sejam capturadas. Pois não é o que acontece na era digital? Posso te fotografar a qualquer momento. Posso colocar sua imagem na internet para o mundo. Canibalizei sua imagem e a devorei com minha câmera. Seja você quem está na imagem ou não.

Seja você ou não?

Exatamente... Esta luz que viajou o universo e iluminou seu ser no momento do clique mostrou sua beleza, sua cor, sua forma, sua postura e humor. É o que, de modo geral, nossos olhos verão.

Mas em raras ocasiões esta mesma luz abre as cortinas e torna possível vislumbrar nossa alma. Aquela parte que está além da beleza, da moda, das rugas, do peso ganho ou perdido, do peso do tempo levado nas costas, dos sonhos ou dos pesadelos.

Apenas você e a luz. Esta é a imagem que desejo encontrar...

Denise, Setembro/2010